sexta-feira, 15 de julho de 2016

Vivência Outdoor, um evento para trocar experiências


O Vivência Outdoor ocorreu nos dias 09 e 10 de julho no Camping Valle das Águas em Socorro/SP e foi um evento voltado para os amantes das atividades ao ar livre, como trekkings, campismo, cicloturismo e, também escalada.

O evento foi muito dinâmico com palestras e oficinas variadas, como: apresentação de equipamentos, mínimo impacto, viagem de bike e, técnicas básicas de escalada. Sim, mesmo depois de ver que parecia tudo já definido, encaminhei um e-mail para a organização do evento e me ofereci para ministrar uma oficina que falava de escalada, daí surgiu a Oficina de Técnicas Básicas de Escalada para Trekking.

Os Protagonistas do evento: Os Participantes e Organizadores
Foto: Elias Maio

Depois de uma análise da organização do evento, fui aceito para fazer parte de um seleto time de especialista do segmento outdoor. São pessoas que doam parte do seu tempo para disponibilizar informações para aqueles que estão iniciando, mas também muitas dicas interessantes para aqueles que já estão na ativa a mais tempo.

Oficina de Técnicas Básicas de Escalada para Trekking
Foto: Suzi Mendes

Meu objetivo não era tornar ninguém apto a escalar um Dedo de Deus, como o tempo era pouco eu precisava pelo menos tocar aquelas pessoas da importância de algumas técnicas. Meu objetivo foi mostrar para os participantes, que em alguns trekkings há obstáculos maiores para transpor, como é o caso do "lance do cavalinho" na Pedra do Sino na Serra dos Órgãos, um trecho difícil para os menos experientes e muito exposto a uma queda. Nesses locais uma simples corda pode garantir uma movimentação segura para os trekkers.

Oficina de Técnicas Básicas de Escalada para Trekking
Foto: Suzi Mendes

Desta forma, pude oferecer apenas uma conscientização dos riscos e apresentar alguns equipamentos, nós e técnicas para fazer a segurança. Na oficina pude demostrar para os participantes do Vivência Outdoor quatro tipos de nós simples de usar, bem como tirar algumas dúvidas que algumas pessoas já possuíam, corrigindo assim, alguns conceitos errôneos que surgem quando uma pessoa não fez por exemplo um Curso Básico de Escalada em Rocha.

Técnicas de Mínimo Impacto - Foto: Elias Maio

Para quem não participou do Vivência Outdoor terá uma segunda chance, o pessoal da organização já avisou que teremos uma segunda edição no ano que vem, com outros assuntos a respeito de trekking, ciclismo, equipamentos e, quem sabe, uma Oficina de Nós com um pouco mais de tempo, onde as pessoas poderão aprender melhor como usar essa "ferramenta" de segurança tão importantes na escalada. 

Já estou na torcida pelo convite e seu eu fosse você não ficaria fora desse evento de forma alguma!

Técnicas de Mínimo Impacto - Como fazer cocô no mato?
Foto: Elias Maio

Noite incrível em Socorro/SP
Foto: Mario Nery

O Olhar de Elias Maio
Evandro A. Duarte veste HARD ADVENTURE, fabricante de roupas técnicas para praticantes de atividades ao ar livre.

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terça-feira, 12 de julho de 2016

Reforma na via ferrata do Dedo de Deus em andamento



Enquanto surgem novos relatos de "escaladores" desrespeitando pequenas regras locais em points de escalada na região de São Bento do Sapucaí/SP, a notícia abaixo divulgada no site da Femerj é para deixar toda a comunidade montanhista feliz. A recuperação da via ferrata no Dedo de Deus é um grande trabalho realizado por voluntários que lutam para desenvolver o montanhismo de forma sustentada em nosso país. Vamos a boa notícia:

"Estão em andamento os trabalhos de reforma da via ferrata do Dedo de Deus. Os trechos que foram vandalizados em janeiro, com a retirada de aproximadamente 70 metros de cabo, e alguns trechos críticos foram os primeiros a serem trabalhados. Nos trechos críticos, alguns cabos em estado comprometedor foram retirados, enquanto que os trechos vandalizados estão sendo reequipados de acordo com as definições estabelecidas pela comunidade no Encontro sobre Via Ferrata: Cabo de Aços do Dedo de Deus, realizado em 19/03/2016 no auditório do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

Com esta reforma, a escalada se inicia com um trecho em artificial fixo, seguida por cabo de aço com ancoragens laterais para costura da corda, chegando a um trecho de escalada em livre que percorre uma canaleta em diagonal até a próxima sequência de cabos, também com ancoragens laterais. Reforça-se que a técnica de segurança utilizada para a ascensão deve ser através do uso de corda e costuras, como escalada em livre. A reforma está em estado adiantado, mas ainda são necessários diversos ajustes nesses trechos.
A reforma será realizada por voluntários em toda a extensão dos trajetos de acesso às escaladas do Dedo – via Leste e Teixeira, e Dedinho, e observam as definições do documento FEMERJ Nº DMI-2016/01, sobre as Diretrizes de Mínimo Impacto para o Dedo de Deus. Destaca-se que a reforma ainda está em andamento e ajustes ainda serão realizados em todos os trechos."

Fonte: http://www.femerj.org. 04/07/2016

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Escalada na Pedra do Baú - Quase uma redescoberta

Escalada Pedra do Baú
Pedra do Baú (direita) e Bauzinho (esquerda)
Provocados pelo Desafio das Vias Históricas fomos escalar em São Bento do Sapacaí/SP. Pode parecer estranho, mas já fazia mais de dez anos que eu não escalava a Pedra do Baú, o principal point de escalada do estado de São Paulo e um dos principais destinos de escalada do Brasil.

É tanto tempo sem visitar um local que parecia que tudo era novo. Claro que lembrava de algumas coisas, inclusive o quão expostas eram algumas vias, ou o sentido das trilhas. Por outro lado, deu para ver como foi benéfico para aquele ambiente o controle no acesso gerado pelo Decreto nº 56.613 – 28.12.2010 que a tornou Monumento Natural a Pedra do Baú.

Escalada Pedra do Baú
Vista da estrada de acesso
Hoje quem vai ao complexo pela estrada que dá acesso a Pedra do Bauzinho tem que estacionar o carro na portaria que foi criada a 1400 metros do início das trilhas e pagar uma taxa para acessar (R$ 10,00 por carro). Acho que esse fato mudou bastante a paisagem do local. Antes o que mais se via eram as enormes filas de carros estacionados por toda a estrada, muito lixo por todo lado, as trilhas sempre cheias de gente, sem contar o cume do Baú lotado de turistas que mal sabiam o risco que tinham corrido para chegar lá em cima sem segurança. Ok, ainda encontramos alguns perdidos lá em cima, mas bem menos do que no passado.

Escalada Pedra do Baú
Pedra do Baú vista da estrada de acesso

Talvez este tenha sido o principal motivo de eu ter me afastado da Pedra do Baú. Meu objetivo de escalar uma montanha é poder contempla-la de forma tranquila e aproveitar toda a paz que ela oferece, mas lá no Baú era impossível encontrar essa paz, pois sempre havia muita gente pelas trilhas agindo de forma um tanto quanto desordeira. Essa mudança foi a primeira redescoberta.

Passaporte Desafio
Passaporte
Mas, falando de escalada, fomos estimulados pelo Desafio das Vias Históricas, primeiro porque é uma iniciativa bem legal criada por colegas escaladores e, segundo, porque o abrigo do Eliseu estava com 50% de desconto para quem apresentasse o passaporte do Desafio. É bom lembrar que esse Blog também tem um viés econômico...  ;-)

Começamos pelas vias Normal do Baú (3ºsup 50m) e Cresta (3º IVsup 50m), mas antes disso a Suzi se assustou um pouco com a passagem do Col do Baú. Para quem não conhece, o Col é o trecho de rocha que liga o Baú ao Bauzinho, e é acessado por uma escadinha. Lá em cima é precipício dos dois lados, exigindo bastante cuidado para caminhar, inclusive é recomendado passar encordado.

Escalada Pedra do Baú
Suzi no início da Normal do Baú

De cara já tive uma dificuldade para fazer a saída da Via Normal, aquela canaleta meio chaminé desajeitada, algo que não estou acostumado fazer. Depois de algumas tentativas (um espanco na verdade) consegui subir e depois foi bem tranquilo, um verdadeiro passeio. Rapelamos, fizemos um lanche e em seguida fomos pra Cresta.

Na Cresta não ficamos perdendo muito tempo, na primeira dificuldade que tive na segunda proteção já segurei na costura e mandei pra cima, depois disso foi curtir a escalada. Trouxe a Suzi e sugeri para ela guiar a cordada seguinte, mas ela não topou. Continuamos subindo e tocamos para o cume do Baú.

Escalada Pedra do Baú
Nós no final da Normal do Baú
Para descer, aproveitei para mostrar a Via Ferrata para Suzi, que ainda não conhecia algo parecido. Chegamos no chão com o sol já nos dando um "até logo" e toda a trilha de volta foi feita a noite. Chegamos no carro quebrados. No caminho de volta para o abrigo resolvemos parar na Cantina do Tio Giuseppe para jantar e tivemos uma feliz surpresa. Esse lugar merece um post só para ele, tivemos uma saborosa surpresa.

Escalada Pedra do Baú
Suzi descendo pela Via Ferrata - Face Norte

Escalada Pedra do Baú
Tio Giuseppe: Nhoque "Huuummm", ou que sobrou dele (até esse momento)
No dia seguinte fomos tentar uma outra clássica da região, a via Peter Pan na Pedra da Ana Chata (4º IVsup 120m). Tiramos umas dúvidas com o Eliseu Frechou sobre possíveis abelhas na via e ele disse que poderia haver, mas não sabia ao certo e mandou um recado: "Eu evito entrar com clientes nessa via". Mas, como tínhamos ela como objetivo, seguimos em frente com o plano.

Escalada Pedra do Baú
Nós no cume da Ana Chata. Pedra do Baú ao fundo

Foi legal que mesmo depois de tanto tempo consegui lembrar bem de vários detalhes da trilha de acesso e da via propriamente dita, inclusive daquela primeira proteção bem alta. Quando entrei na via me perguntei: por que não vim com a sapatilha melhor? Com menos aderência nos pés, fui com cuidado até costurar a primeira proteção, depois é tudo bem tranquilo.

Escalada Pedra do Baú
Suzi no final da via Peter Pan
Lá na quarta parada percebi alguns marimbondos voando muito perto de mim, foi quando descobri que ali no platô da parada, em um buraco escondido pelo mato, havia um vespeiro daqueles. Avisei a Suzi para chegar sem fazer barulho e já pedi para ela tocar a quinta enfiada para não ficar ali expostas ao bichos. Eu mesmo fiz uma extensão com fitas para ficar mais longe do buraco.

A Suzi pegou o restante dos equipos e mandou pra cima, passando aquela saída chata com consistência. Ela não viu onde estava a parada e desescalou um trecho até um bom platô, montando uma parada em um bico de pedra e me puxou pra cima. Ali eu vi que ela estava mandando muito bem e dominou aquele trecho de escalada, solucionando o problema de uma parada alternativa com segurança.

Segui por aquela crista final linda, talvez um dos trechos mais legais da escalada, onde você passa de um lado para o outro da pedra, num passeio alucinante, este talvez seja a cereja do bolo naquela via, sem contar com o visual do "Baúzão" durante toda a escalada. Quem não fez tem que ir lá e mandar essa via, é muito legal.

A melhor opção de descida é pela trilha fácil que saí do outro lado da face que escalamos, a face sul. Teria sido uma descida tranquila, mas logo no começo antes da caverninha encontramos duas famílias com as mães gritando de forma estérica com as crianças e quando fui falar que ali não era lugar para aquele tipo de atitude a agressão se voltou para meu lado, inclusive com o marido de uma delas querendo dar uma de "macho alfa", dei as costa e seguimos descendo. Bom, lembra no início do texto o que eu disse sobre turistas? Foi exatamente esse tipo de "turista" que me afastou da Pedra do Baú por muitos anos, até esse momento. Contudo, estou disposto a continuar dando um crédito de confiança para aquele lugar, pois é muito bacana escalar lá.

Escalada Pedra do Baú
Dando um "até breve!"
Saímos de São Bento do Sapucaí na expectativa de voltar o quanto antes e escalar outras vias clássicas em todo o complexo. Quem sabe não encontramos você lá na próxima, ou vamos juntos?

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